Kishotenketsu: Um jeito diferente de contar histórias

Kishotenketsu é uma técnica oriental de contar histórias que vem conquistando seu espaço no ocidente, especialmente através de animes, mangás e doramas. Essa estrutura narrativa única, conhecida por sua ausência de conflitos tradicionais, oferece uma maneira inovadora de criar histórias envolventes e surpreendentes.

Se você quer contar histórias, a primeira coisa que deve se preocupar é em organizar em uma estrutura que as pessoas possam entender.

Aristóteles, filósofo grego, já defendia essa ideia há séculos. Segundo ele, a história tinha que ter três partes: início, meio e fim.

Essa afirmação pode parecer óbvia agora, mas lembre-se que Aristóteles viveu entre 384 e 322 a.C., estabelecendo fundamentos que usamos até hoje.

Desde então, muitas outras estruturas narrativas surgiram.

Embora tenham pontos diferentes em sua estrutura, a maioria delas ainda segue o formato de três atos. 

Isso ocorre porque essa estrutura é intuitiva e eficiente, facilitando a criação de uma narrativa que guia o público através de uma introdução clara, um desenvolvimento envolvente e uma conclusão satisfatória. 

A jornada do herói, popularizada por Joseph Campbell, é um exemplo clássico dessa influência. Repleta de conflitos e desafios, essa estrutura tem sido a base de inúmeras histórias ocidentais, pois se conecta profundamente com a experiência humana de superação.

Por ser tão envolvente, a jornada do herói virou fórmula de sucesso e foi difundida à exaustão, principalmente no cinema. 

Se você se cansou desse modelo de narrativa e está buscando uma maneira diferente de contar histórias, então considere o Kishotenketsu e sua abordagem única e inovadora.

O que é Kishotenketsu? 

O Kishotenketsu é uma estrutura de storytelling que se originou na poesia chinesa e foi posteriormente adotada nas narrativas japonesas, e coreanas.

Sua influência se estende a literatura, cinema, mangás, animes, doramas e outras formas de expressão cultural.

Essa técnica é valorizada por sua abordagem única de desenvolver histórias sem depender de conflitos diretos, focando em mudanças de perspectiva e reviravoltas inesperadas.

Para entender como funciona na prática, é importante explorar seus componentes essenciais.

Os quatro atos do kishotenketsu

Essa é a grande diferença da jornada do herói. 

O Kishotenketsu é composto por quatro atos distintos que, juntos, constroem uma narrativa coesa e envolvente. 

O nome é, na verdade, um acrônimo das quatro partes que compõem essa técnica narrativa: 

• Ki (起): Introdução – Apresenta os personagens e o cenário, estabelecendo o contexto da história.
• Sho (承): Desenvolvimento – Expande a introdução, aprofundando a história e os elementos apresentados.
• Ten (転): Reviravolta – Introduz um elemento inesperado que muda a direção da narrativa.
• Ketsu (結): Conclusão – Conecta todos os pontos e encerra a história de forma coesa.

O kishotenketsu não depende de conflito

Essa é a segunda grande diferença em relação à jornada do herói. 

Enquanto a jornada do herói se baseia em conflitos para avançar a narrativa, o Kishotenketsu se distingue por sua capacidade de desenvolver histórias de maneira fluida e envolvente, sem depender de conflitos diretos. Em vez disso, utiliza mudanças de perspectiva e reviravoltas inesperadas para manter o interesse do público.

Mas como assim, não tem conflito no Kishotenketsu?

Na verdade, pode haver conflitos e vilões em algumas histórias, contudo, a narrativa não depende deles para se desenvolver. 

Por exemplo, no filme John Wick, o herói sai em busca de vingança contra aqueles que mataram seu cachorro. Haveria história se o cachorro estivesse vivo? Não, claro que não. Isso mostra que essa narrativa depende do conflito para se desenvolver. E digo mais…

Apesar da ação e do suspense serem intensos, o desfecho pode ser antecipado desde o início: o herói busca vingança e, inevitavelmente, enfrenta seus inimigos. Essa previsibilidade é uma característica comum das narrativas baseadas em conflito.

Pense agora no filme Um Drink no Inferno do Tarantino.

O diretor americano bebeu da fonte oriental e fez muito sucesso com as reviravoltas em seus filmes. 

Alerta de spoiler

Ki – Introdução

O filme mostra os irmãos Seth e Richie Gecko em fuga para o México após um assalto a banco. Eles tomam uma família como refém, forçando-os a atravessar a fronteira .

Esta parte estabelece o cenário, os personagens principais e a tensão inicial entre os irmãos e a família refém.

A cena do roubo é irrelevante, por isso não aparece no filme.

Sho – Desenvolvimento

Com ajuda da família, os irmãos conseguem a atravessar a fronteira para o México e chegam em um bar no deserto.

Ten – reviravolta

Os funcionários do bar se transformam em vampiros, isto é, o filme passa do estilo “policial” para um filme de “terror trash” num piscar de olhos.

Ketsu – Conclusão

Os personagens que sobreviveram à batalha contra os vampiros emergem, e as histórias dos irmãos Gecko e da família refém se resolvem de maneira coesa.

A narrativa retorna ao seu foco inicial de sobrevivência e fuga, mas agora com a experiência traumática e a transformação dos personagens, que enfrentaram juntos uma ameaça comum.

Fim do spoiler

Isso é um reflexo direto da influência do Kishotenketsu, onde a narrativa se constrói de forma totalmente inesperada.

Exemplos práticos de kishotenketsu

Para aplicar o Kishotenketsu, é importante seguir seus quatro atos, adaptando-os ao contexto de sua mensagem. Aqui estão alguns exemplos práticos:

Exemplo clássico do poeta Rai San’yō

Introdução

Filhas de Itoya, no Honmachi de Osaka.

Desenvolvimento

A filha mais velha tem dezesseis anos e a mais nova tem quatorze.

Reviravolta

Ao longo da história, os generais (daimyōs) matavam o inimigo com arcos e flechas.

Conclusão

As filhas de Itoya matam com os olhos.

Contando minha história como copywriter

Introdução

A minha jornada como copywriter começou em 2019, com a esperança de realizar meus sonhos

Desenvolvimento

Com trabalho duro e dedicação, consegui crescer na profissão e trabalhar ao lado de grandes especialistas do mercado digital.

Reviravolta

A maioria dos copywriters fazia promessas ambiciosas para vender produtos.

Conclusão

Eu conto histórias.

Anunciando um produto

Introdução

Cansado de se frustrar no mercado de opções?

Desenvolvimento

Você começa com bons resultados, acumular dinheiro, mas, com o tempo, acaba perdendo tudo.

Reviravolta

Tomar decisões constantemente cansa seu cérebro, aumentando consideravelmente suas chances de fazer escolhas erradas, bem como o risco de perdas financeiras.

Conclusão

Com o Indicador Milionário, você vai poder operar sem o risco de decisões erradas.

Conclusão

O kishotenketsu é mais uma ótima opção para suas narrativas, principalmente se você busca algo diferente da jornada do herói.

Ele oferece uma abordagem inovadora, permitindo a criação de histórias envolventes sem depender do conflito tradicional. 

Sua estrutura em quatro atos – introdução, desenvolvimento, reviravolta e conclusão – proporciona uma fluidez natural e mantém o interesse do público com revelações inesperadas e mudanças de perspectiva.

Portanto, faça o teste. 

Estruture suas próximas narrativas seguindo o modelo do kishotenketsu. Analise os resultados e veja qual tipo de narrativa funciona melhor com o seu público.

O Kishotenketsu pode ser a chave para elevar seus resultados para o próximo nível.